Passeios à chuva e um fim de tarde melancólico
Passeios à chuva e um fim de tarde melancólico
Óbidos à chuva . . .
Passeava-me vagarosamente pelas ruas da Vila
sem me importar com as gotas a baterem-me na cara . . .
Claro ,
que quando cheguei à "Casa dos Vinhos",
onde bebi um cafezinho de saco ,
estava mais parecida com um pinto encharcado do que comigo !
Mas, soube tão bem . . .
O café e a molha !
Roam-se, roam-se todos de inveja . . .
Enquanto todos vocês ,
. . . ou quase todos , . . . estão já a trabalhar
eu estou de férias .
Já devem estar a pensar em devolver uma resposta torta
a dizer :
– Olha, deixa estar, deves ter tido um fim-de-semana cheio de sol …!
Realmente, não têm sido uns dias muito iluminados ,
mas não tem importância !
Eu já tinha muitas saudades da chuva e dos “Pores”- do - Sol da Foz .
Quem perguntou porque é que eu vim mais cedo de Madrid ,
e não fiquei a fazer turismo ,
tem agora a resposta . . .
. . . para não perder ,
nem que fosse só um final de tarde como a que tive hoje .
Um passeio à beira-mar ,
uma limonada, um livro , o "Memory of Trees"
e o “Sétima Vaga” .
Portanto ,
o final de tarde quase perfeito .
Não há como a Foz em Setembro ,
a nitidez única do fim do Verão
e um Outono a dizer um olá ,
este ano nado tímido . . .
A acompanhar o pôr-do-sol estão umas nuvens aqui e ali
que testemunham a chuva que deixaram cair toda a manhã .
Anoitece vagarosamente,
sem pressas
. . . o luar deixa a sua luz ali e acolá na lagoa….
Roam-se de inveja, roam-se . . .
Estou na varanda ,
uma suave brisa ,
a lagoa mesmo à minha frente,
as luzes iluminam a marginal,
a aldeia, do outro lado, espelhada na água
e Óbidos lá bem ao fundo quase sem se ver!
Os grilos e cigarras são os únicos que se atrevem a cantarolar…
Olha! Olha!
Uma coruja-das-torres passa em direcção aquele pinhal...
Que paz!
É pena que amanhã me vá embora….
A lagoa está mesmo a pedir que eu vá dar uma voltinha de canoa
para exercitar os braços.
Talvez para a semana, ou para a outra, vá lá dar umas remadas!
Ninguém me quer vir fazer companhia?
A casa tem muito espaço,
não existem buzinas para nos acordarem de manhã
e as esplanadas estão cada vez mais vazias.
À noite podemos ir até Óbidos beber umas ginginhas e os mais dançarinos podem passar pelo “Greenhill”.
Pensem lá bem nisso.
Os pasteis de nata de São Martinho e o pão-de-ló de Alfeizerão estão à nossa espera!
Sabem do que me lembrei agorinha mesmo! AHAHAH!!!!
E um passeiozinho a cavalo?
Os cavalos nesta altura do ano já podem ir trotar para a praia.
Não ando a cavalo há uns tempos!
Já me estou a imaginar a fazer uma corridinha na praia?....Hum?
Os argumentos são mais que muitos . . ., não?
As nuvens estão a ir-se,
só fica a lua a sorrir-se!
A brisa está a convidar a uma camisola de lã!
Roam-se amigos, roam-se . . .
. . . a serenidade quando nasce não é para todos!
Setembro 2002