29 setembro 2002

Conversas com a Foz



Conversas com a Foz


A Foz-do-Arelho fica entre as Caldas da Rainha ,
Óbidos e São Martinho do Porto .
Tem duas praias .
Numa podem-se tomar banhos de mar
e na outra podem-se dar umas valentes braçadas
contra a corrente da água salobra .

A Foz é quase um santuário natural
e pode ser local de profunda meditação .

Sinto a Foz !
Sinto-a como nunca nenhum outro local me fez sentir .
Este sentimento não acontece sempre .

Em Setembro ,
o ar é transparente e limpo e a luz é mais cristalina !
As cores são mais densas .
Os amarelos e os laranjas dos fins de tarde tornam-se mais fortes .
Os azuis ficam mais azuis .

Os pôr-do-sol são como quadros
onde pinceladas de fogo rasgam o céu .
As nuvens deixam de ser brancas !
Ao fim da tarde são amarelas e laranja e o céu deixa de ser azul .
É castanho !

Especialmente em Setembro ,
redobro-me em esforços para lá ir
e por lá ficar a olhar o pôr-do-sol .
Neste mês o Sol está mais próximo da Terra
e, ao fim da tarde, parece ainda maior e mais laranja .

Tantas e tantas vezes ,
me sento na areia ,
olho as ondas ,
ouço os sons do oceano, das aves marinhas e do vento .

Se o silêncio pudesse ter sons, estes eram os sons do silêncio .

Adoro ir para a praia ,
ficar por ali . . . só . . .
e falar, falar, falar . . .
Falar com o mar ,
no mais profundo silêncio da serenidade .

Não encontrei ainda nenhum outro local que me tenha feito sentir assim .
Em Setembro , na praia ,
sou invadida por um estranho gosto pela solidão
e por aquele “mar” de silêncios .


É como se estivesse num poema .

É como se pudesse mesmo conversar com a Foz ,
e como se ela pudesse ouvir o meu mais profundo desejo de liberdade !

Verão 2002

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