Como me encontrei com deus?
Como me encontrei com deus?
Não encontrei deus em lado nenhum ,
ele sempre esteve aqui !
Fui-me reencontrando com deus aqui e ali ,
em lugares mais ou menos ortodoxos para o reencontrar !
Achei-o muitas vezes em lugares comuns
disfarçado nas coisas mais simples :
Rostos . . .
olhares . . . e vozes . . .
Livros . . .
filmes . . .
No meio de uma floresta . . .
ou a olhar o mar .
Existiram momentos significativos ,
uns mais que outros . . .
Aprendi a não esperar nada da vida ,
a não criar expectativas !
Assim as coisas mais pequenas têm outro valor . . .
Os pormenores que ninguém repara
são tantas, tantas vezes o que merece a pena olhar e ver . . .
E foi assim que ,
lentamente . . . muito suavemente ,
me fui reencontrando com o meu deus .
Não sei porque o perdi ,
ele esteve sempre comigo . . . dentro de mim .
Eu é que deixei de o ver .
Ao meu deus há quem chame fé ,
esperança
ou a capacidade de sonhar !
Ultimamente também lhe tenho chamado pai natal, em tom de brincadeira !
Alguém um dia escreveu :
“ . . . as tristezas têm encoberto as alegrias . . . ” .
Se deixarmos ,
as tristezas encobrem as alegrias .
Mas se dermos mais valor a certas coisas ,
aparentemente pequenas ,
não permitimos que isso aconteça !
Temos que dar uma ajudinha para que a vida nos corra melhor .
Por vezes
Reparar ,
Olhar ,
Ver
certos aspectos da vida
leva-me a pensar :
- Como é possível existir algo assim e eu nunca ter reparado ?
Porquê não VER um sorriso ?
Porquê não VER um olhar ?
Porquê não comprar uma planta e maravilharmo-nos com ela ?
Ou melhor ,
porquê não nos metermos no metro ?
Irmos ao Jardim Botânico . . .
- Pelo menos fazemos com que seja importante . . .
e visitamos a árvore da borracha que está mesmo na entrada.
É uma árvore enorme, muito, muito antiga .
Certamente que ela nos ouve ,
nos faz ouvirmos a nós próprios .
Porquê não pensar . . . falar com ela ?
Porquê não olharmos aquele ser vivo ,
sábio . . .
que tem a sabedoria única que apenas a idade traz consigo ?
Sentarmo-nos envoltos nos seus enormes braços
e sonharmos . . .
Imaginarmos que histórias teria aquele ser para contar ,
se pudesse falar ?
Que histórias de tanta e tanta gente que ali passa ,
sobre quantos namorados e namoradas se sentaram ali abraçados
a fazerem promessas ?
Que bons e sábios conselhos nos daria ?
Hum ?
Porquê não ir ver o mar ?
Ficar por lá ,
conversar com ele ,
com os peixes ,
com as conchas . . .
E encontrarmos o que realmente somos ,
o que realmente queremos .
Que mundo perfeito, não ?
- NÃO ! . . . que mundo que pode ser visto com olhos mais optimistas e sonhadores !
Outono 2002
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