30 agosto 2003

O silêncio das férias



O silêncio das férias


O que mais me faz falta
desde que terminei a licenciatura é o não ter tempo para o SILÊNCIO,
tão essencial na minha existência como ter que beber água.

Parece que perdi quase o meu direito a tê-lo.
No local da minha fonte de rendimento,
à qual não posso designar emprego,
já estive em piores condições de ruído.

Contudo continuam a existir ruídos,
por vezes insuportáveis.
A estupidez humana é um ruído altamente perturbador para o meu cérebro.

Chamem-me, então arrogante! Podem fazê-lo!
Nada temo,
pois tenho a minha consciência tranquila em relação a este assunto.


Desviei-me agora, por momentos,
do objectivo pelo qual escrevo esta Insónia.
Ora retomemos as minhas palavras silenciosas ao som de Lord of the Dance.

Iniciei a leitura de um livro de uma colecção fascinante
cheia de silêncios e paragens inteligentes.
A revista XIS - Ideias para Pensar,
que já me acompanha há longos meses,
lançou este Verão uma colecção de livros para Pensar.

Desta feita, escolhi o Elogio do Silêncio de Marc de Smedt
para trazer dentro da mala na minha viagem solitária,
com perspectivas de ser Silenciosa,
até aos meus avós.
Pareceu-me um dos títulos mais adequados
às minhas prementes e urgentes ansiedades de SILÊNCIO interior.

Iniciei há umas semanas um livro
que se tem vindo a revelar de uma extrema violência.
Não sei,
sinceramente,
se poderia esperar outra coisa d' A ultima Amazona.
Tenho vindo a lê-lo,
por vezes com intervalos de dias,
mas não sei se vou conseguir terminá-lo.

Para quem ansiava por silêncio
esta é uma história ruidosa em vários sentidos,
de tão perturbadora que é.

Agora que estou a ler um elogio ao silêncio,
à calma, ao sossego e à meditação,
não sei se me apetece ler algo tão desassossegante
e tão desumanamente humano.

Esta Insónia devia revelar-se uma "luta",
ou melhor,
uma demonstração,
ou melhor ainda,
uma reflexão sobre uma mudança de "emprego",
essencial para deixar vir o que há de melhor no meu interior.
E que deveria permitir um dar largas à minha imaginação
e um trabalho árduo para construir algo verdadeiramente meu,
de que me pudesse orgulhar e gostar simultaneamente...
Que me desse a sensação
de dever cumprido para com as minhas convicções.

Mas para isso era necessário algo que me desse financiamento e Silêncio.
Será que isso existe?!

Tenho-me feito esta questão tantas vezes ultimamente
que já lhes perdi a conta.

Actualmente,
nada vou fazer,
pois para além de estar de Férias,
tenho que viver os acontecimentos académicos que se seguirão em Outubro.
Só depois de verificar esses acontecimentos
tomarei uma mais séria decisão...
Ou não tomarei
e ela ficará pendente por mais algum tempo.
Vamos ver...


"... é da atenção que se dá ao silêncio do pensamento
que nasce toda a criatividade." Marc de Smedt

Tendo esta frase como pressuposto,
então pela lógica da matemática,
a verdade é que estou a escrever esta insónia
e a reescrever outras já antigas,
ainda não publicadas aqui,
devido ao precioso silêncio em me encontro
acompanhado apenas pela ventoinha do computador
e pela música de Simon e Gurfunkel em versão New Age.


Esta Insónia continuará...espero...


Algures num local Silencioso na Serra da Estrela
30 Agosto 2003

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