30 julho 2004

Recortes, colagens e mais...



Recortes, colagens e mais...


Esta urgência invade-me... Finalmente!

O alivio invade-me... esta vontade inexplicável de escrever voltou.
O que quer que seja, não interessa.
Nem que seja por breves momentos, mas voltou.

Tento provocar a necessidade de voltar ao teclado
utilizando as leituras do "Mil folhas".
Tenho a esperança que alguma frase liberte as minhas palavras.

Já não acontece tantas vezes como antigamente.

Mas hoje, nesta manhã sem sol e algo fria,
uma estranha sensação de liberdade assaltou-me...

Não me limito a fazer "sublinhados", e algumas vezes a transcrevê-los.
Recorto cuidadosamente textos sublinhados e imagens de jornais e revistas,
colo-os num grande caderno - ainda é daqueles cozido! -
e já sei que lá voltarei um dia para me inspirar em palavras,
fotografias, pinturas, ilustrações, escultura ou arquitectura de outros.

Há muitos, muitos, muitos meses que não me dedicava a esta actividade.
Colecciono o "Mil Folhas" todas as semanas
e empilho recortes que me chamaram a atenção.
Não me tenho dedicado a olhar e ver as imagens.
Muito menos tenho feito os meus cuidadosos recortes e colagens.

Hoje,
no silêncio do amanhecer encontrei o meu espaço debaixo da neblina instalada. Reiniciei os sublinhados, recortes e colagens.

Fui beber café e reencontrei o "Mil Folhas"
e nas suas páginas as palavras, imagens e livros,
de outros que me revolvem a alma,
como se ondas do mar fossem abater na areia da praia.

Provocam-me a memória e recordações esquecidas.

Na secção de livros é recomendado o livro "O Velho e o Pacífico".
Aconteceu algo muito curioso este ano na minha única
e curta visita à Feira do Livro do Parque Eduardo VIII.

Entrámos e logo mirámos as bancadas...
Já passava das 22h.

Resolvemos procurar as editoras dos livros pretendidos.
Passámos e mirámos muito a correr,
na esperança de darmos de caras
com um inesperado título desconhecido,
que nos atraísse e nos chamasse por o levar.

Quase nos perdíamos,
pois o tempo era escasso e não nos acompanhávamos.
Depois do meu objectivo - "Filipe Seems 3" e um cheirinho a Feira do Livro -
fui surpreendida pelas capas de livros do Italo Calvino
e logo me lembrei que me tinham recomendado "As Cidades Invisíveis"

Pronto!

Quebrei a promessa que fizera a mim mesma
de não comprar mais nada para além da Banda Desenhada que procurava.

Pensei que era dinheiro bem entregue... e não era caro.

Felizmente eram já 23.55!

Mas a amiga que me acompanhava resolveu
que ainda ia tentar comprar um título
que lhe chamara muito atenção nas suas deambulações.

Lá fomos!

Já eram 24.10 quando estavam mesmo a fechar a Bizâncio.
O livro esperava por ela: "Tão Longe do Mundo".

- Veio propositadamente comprar este livro? - perguntou um cavalheiro,
muito bem vestido com um ar esperançoso.

- Não!- dissemos.
- Vi o título e chamou-me muito a atenção quando entrei na Feira - explica G.
- É que o livro é muito recente. E é muito bom se as pessoas vierem procurar
os livros recomendadas por outras pessoas ou por verem críticas na Comunicação Social.

- O livro é muito bom - explicou-nos o tal cavalheiro com um ar muito convicto.

A G. trouxe-o com ela. Ele ainda espera por ela.

Vem hoje uma pequena crítica de Francisco Neves,
que me provocou um clique.

Cá estou a escrever - não aguentei mais sem contar esta curiosidade.

A história deve ser realmente muito bela.



Foz do Arelho, 30 Julho 2004

A G. libertou-o em Bookring no Bookcrossing. Ainda não o leu - resolveu libertá-lo ao vento e partilhá-lo antes de se dedicar a ele.


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