15 outubro 2006

Almoço de família e compras de miúdas



Almoço de família e compras de miúdas


Era Sábado. A minha mãe telefonou-me:

Vamos almoçar à Milú e não há comer que chegue para todos! – Se isto é normal?! Eu achei que sim!
– Tá bem! Então, vou lá ter depois de almoço.

Ainda era Sábado. Telefonou-me a Milú:

– Vens amanhã almoçar cá a casa.
– Vou às 2h.
– Não! Vens almoçar connosco.
– Está bem. Estou aí à 1h.

Foi Domingo. Vi-me a chegar primeiro que todos e até a surpresa da chegada dos meus primos mais novos a chegarem com os pais e com pampilhos de Cantanhede! A seguir vi um prato Enorme de carne de borrego assado no forno com batatas fritas e salada, salada de frutas e um enorme abacaxi… Hummm!

- Não vai chegar para todos! - diziam...

Claro que ainda sobrou um único naco de carne ridículo, abacaxi e salada de frutas com fartura. Nesta família é sempre assim. Quando é “pouco” sobra sempre.


Conversas à Mesa

Tagarelámos à mesa sobre coisas de família e para não variar fomos parar a temas pouco ortodoxos para um almoço. A primeira cena do filme do Almodóvar, "Volver", levou-nos aos cemitérios e à campa da família. Conversas estranhas para se terem à refeição, pensarão muitos. Este tipo de temas são debatidos com muita abundância nos nossos ajuntamentos familiares. É assim desde que me lembro. Um pouco a fazer lembrar os filmes de Almodóvar. Na nossa família, os homens também são poucos para desgosto de alguns. Quase só nascem filhas! Durante o almoço conclui, como sempre, que prefiro ser cremada e que atirem as minhas cinzas ao mar ou num carvalhal já velho.

Almoço terminado e foi todo o mundo para o "Lopes" beber café. Tudo isto num dos bairros antigos de Benfica (Lisboa). O café, esse não se chama "Lopes", mas para esta família o dito estabelecimento será sempre o "Café do Lopes".

Compras de miúdas

Depois do café, decidi que precisava de cuecas novas e pus-me a caminho do Colombo – imagine-se que local mais triste para passar o resto da tarde de Domingo!! Fiz-me acompanhar da minha prima mais nova – 12 anos – e enfeiticei-me de adolescente. Partilhámos os phones do walkman dela e ouvimos meia dúzia de vezes a mesma música pirosissíma – também muito sofrida –, de uma dessas cantoras que é famosa sabe-se lá como.

Lá fomos em busca das ditas peças de roupa interior. Depois de muito palmilharmos o centro comercial mais insuportável da capital, lá encontrei mais ou menos o que queria – porque será que é tão complicado conseguir tudo branquinho, sem risquinhas, sem bordadinhos, confortável…? Enfim... Apaixonei-me por umas calças cinzentas giríssimas e por um cascol às risquinhas de muitas cores. Perdi-me, claro!

Deixei-me ir a lojas que nada têm a ver comigo para dar espaço à R. Os gostos não poderiam ser mais diferentes, com excepção do encanto pelos All-Star. Ela acha que são super-fashion e super-modernos! Tive que lhe explicar que agora se paga uma fortuna para já se comprarem russos e a malta da minha idade ia para o mar com eles e depois dava-lhes uma esfrega com areia. O efeito era o mesmo e era gratuito. Os últimos All-Star que tive foram comprados há anos e anos e os mais giros que já vi. Eram de flanela e tinham um padrão aos quadrados com riscas pretas e verdes. Agora tenho uns da Caterpillar. Também estão russos, são bem mais giros que os originais e estão quase a romper-se como manda a Moda! ;-)

No fim, voltei a enfeitiçar-me de dadolescente e aos tempos da faculdade dos biólogos e comprei uma echarp magnífica numa banca indiana. Ofereci à R. uma fita para o cabelo à moda hippie. Metemo-nos no carro, partilhámos os phones, ouvimos mais três vezes a música pirosissíma da tal cantora hiper-famosa que se ouve a toda a hora na RFM e desgraçadamente para a R. ainda cantei, tal cana rachada…

Gosto de me armar em adolescente, gosto de compras de miúdas, de conversas de miúdas e de rir às gargalhadas. A minha prima não foi nada chata, ao contrário do que seria de supor, e diverti-me nesse Domingo chuvoso.

À noite voltei a casa, à vida serena que escolhi para mim, às conversas de miúdas adultas, ao chá ao deitar e à música de Michael Nyman do filme “O Piano” …



1 Diálogos ensonados:

Blogger SilenceBox Disse...

Gostei ler este texto... Dá um jinho à R. E para ti muitos! :-)

17:56  

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