12 novembro 2003

O teu rosto a preto e branco



O teu rosto a preto e branco



Lembro-me de ti a preto e branco.
Não me lembro do teu rosto.
Recordo-me que eras grande ... Enorme.

A dor não deixa que me lembre ...
... da tua face ...
Não vejo uma foto tua há meses.
Fi-las desaparecer para que desapareças!

Mas teimaste em ficar,
pelos vistos,
eternamente...
para sempre dentro de mim...

Porque é que não me deixas? Porquê?
Deixa-me, deixa-me por favor!

Gostava de olhar para ti,
mesmo a preto e branco e não sentir nada!
Estás sempre ali...
mesmo sem as fotografias.
Estás sempre ali... por todo o lado, omnipresente.

Vais comigo para todo o lado,
onde quer que eu esteja tu estás lá!
Pudera! Estás em mim de pedra e cal!

Como vi que não me deixavas
e que me sufocavas quis viver a bem contigo.

Mas não consigo!

Este sentimento que me consome teima em apoderar-se de mim!
Eu finjo que não te vejo aí,
dentro de mim, mas tu sabes que eu sei que ainda aí está!
Porque não me deixas?

DEIXA-ME! POR FAVOR, DEIXA-ME!

Sinto-me encurralada quando te sinto mais perto.
Queria fazer as pazes contigo,
apenas para fazer as pazes comigo!
Mas tu voltas constantemente a magoar-me.

Voltas a este mundo para me atormentares
e para relembrares que ainda estás aí ...
... algures ... dentro de mim ...
QUE INFERNO! DEIXA-ME! DEIXA-ME!

SUPLICO-TE!

A tua presença sufoca-me!
Vai!
Parte para SEMPRE!

Deixa-me viver a minha vida...
Deixa de me olhares assim...
Quero deixar de sentir a tua presença.

Quando olhar para ti
não quero sentir nada!

Temo que isso jamais aconteça...
Temo que não consiga ter a tão ansiada SERENIDADE...

12 Novembro 2003




Um dia .... talvez ...

18 Abril 2004